“Deixo
à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não
ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e
principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A
mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela
malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade
dirigida, sistemática e escandalosa.Acrescente-se a fraqueza de amigos
que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e
traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral
de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um
falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.Se a
simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me
permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado
renunciaria.Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria,
perseguirem-me e humilharem-me.Querem destruir-me a qualquer preço.
Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas.Velho e
cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não
cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se
opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam,
impiedosamente, aos pobres e aos humildes.Só Deus sabe das minhas
amarguras e sofrimentos.Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a
ira dos fariseus.Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o
conforto de sua amizade.A resposta do povo virá mais tarde...”
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